![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgL5keTz0vkfRfiBzJ8a04CHeORE_qSD4dH9V_6y-9xcTovrrjxns2jjEdgbaC335Of1GhiRGK8WYuXzEzSrRIzTUyFfVxf9IMSzpJ28MIK3ToeYOSmq4lQQ7Kih6qu8w5q6Vlrj6evrBG5/s400/eu+crian%C3%A7a+002.jpg)
Ataualpa é o nome dele, meu vovô.
Muita saudade, muitas boas lembranças dessa casa.
Ele me chamava de jararaca, abaixado com os braços abertos gritava " Cadê a jararaca do vovô?", e eu ingênua corria feliz pros braços dele.
Eu brincava na terra, com as panelas da cozinha dele, brincava de fazer nescau misturando a terra vermelha com água. Chupava cana, tomava também o caldo que ele espremia com a máquina que tinha no quintal. Comia ( e ainda como) laranja com shoyo, coisa que ele me ensinou. Puxava os gatos pelo rabo, querendo que brincassem comigo. Fazia brinquedinhos pros gatos com caixas de -fósforo, barbante e chapinha de refrigerante. Levava-os pro banheiro quando ia tomar banho, não querendo desgrudar dos bichanos, que miavam desesperadamente com o som da água. Eles tinham nomes estranhos; Piano, Pimpinela, Motoca. Hoje se refelte na escolhas dos meus; Kaiser,Sapinha, Bolota, Tortinho, Magrela, Colombina.
Tomava banho na caixa d'água, que ainda cabia a irmã e a prima.
Ele usava chapéu de palha, e tamém um chapéu de pano que hoje está no armário da minha irmã. As paredes da casa eram em madeira, e o quarto dos fundos no verão, dava muita barata, e eu morria de medo de levantar pra ir no banheiro no meio da noite. Eu comia feijão marrom.
O chão da entrada da casa era feito de azulejos coloridos, e o quintal tinha seriguela. Tinha
também uma marcenaria, com muita tralha, muito resto de madeira, e sabe-se lá mais o que. E era pra lá que os gatos fugiam desesperados com nossas mãozinhas querendo agarrá-los.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4yqK4NmIQMOr2ptFiCW374608akNmRAtsXDLvIZvl_tEp-R4387c2BBkY4qInX6Ms4w2xzbHqxdurV4NjJZID7q1HJNmpGiA0crhsUSEdNzuNttCI74Ln_9_BwIpcKhNUIDby7zOCE0YJ/s320/eu+crian%C3%A7a+013.jpg)
Tinha tubaína, e no Natal a família toda se juntava na casa da tia. A gente cantava e trocava presentes. Era muita gente junta. Meu avô teve sete filhos, e um deles mais sete. Família grande, que ele unia. Quando ele se foi, se não me falha a memória, acabaram-se as festas grandes.
Ainda me refugio no colo dele, e ele ainda me conforta com as frutinhas do quintal.