domingo, 28 de dezembro de 2008

Poema


Eu quero explicar a vocês
O que é ser um palhaço
O que é ser o que eu sou
E fazer isso o que eu faço

Ser palhaço é saber distribuir
Alegria e bom humor
E com esforço contentar
O público espectador

Muita gente diz “Palhaço”
Quando quer xingar alguém
E esse nome pronunciam
Com escárnio e desdém

E ao ouvir esta palavra
Outros sentem até pavor
Como se palhaço fosse
Criatura inferior

Mas de uma coisa fiquem certos
Para ser um bom palhaço
É preciso alma forte
E também nervos de aço

E além de tudo
é preciso ter um grande coração
para sentir isso o que eu sinto
grande amor à profissão

O Palhaço também tem
Suas noites de vigília
Pois lá na sua barraca
Ele tem a sua família

Palhaço, meus amigos,
Não é nenhum repelente
Palhaço não é bicho
Palhaço também é gente

Falo isso em meu nome
E em nome de outros palhaços
Que muitas vezes trabalham
Com a alma em pedaços

Ser palhaço
É saber disfarçar a própria dor
É saber sempre esconder
Que também é sofredor

Porque se o palhaço está sofrendo
Ninguém deve perceber
Pois o Palhaço nem tem
O direito de sofrer

Poema recitado pelo Palhaço Picolino, Autor desconhecido
foto, diz o google que é o palhaço Picolino, qual dos 3 eu não sei...

Um comentário:

Unknown disse...

Guardanapos de Papel(Milton Nascimento)

Na minha cidade tem poetas, poetas,
Que chegam sem tambores nem trombetas, trombetas,
E sempre aparecem quando menos aguardados, guardados, guardados,
Entre livros e sapatos, em baús empoeirados.
Saem de recônditos lugares no ares, nos ares,
Onde vivem com seus pares seus pares, seus pares,
Seus pares e convivem com fantasmas multicores, de cores, de cores,
Que te pintam as olheiras e te pedem que não chores
Suas ilusões são repartidas partidas, partidas,
Entre mortos e feridas, feridas, feridas,
Mas rexistem com palavras, confundidas, fundidas, fundidas,
Ao seu triste passo lento pelas ruas e avenidas.

Não desejam glorias nem medalhas, medalhas, medalhas,
Se contentam com migalhas, migalhas
Migalhas de canções e brincadeiras com seus versos dispersos, dispersos,
Obcecados pela busca de tesouros submersos.
Fazem quatrocentos mil projetos, projetos, projetos,
Que jamais são alcançados cansados, cansados,
Nada disso importa enquanto eles escrevem, escrevem, escrevem,
O que sabem que não sabem e o que dizem que não devem.
Andam pelas ruas os poetas, poetas, poetas,
Como se fossem cometas, cometas, cometas,
Num estranho céu de estrelas idiotas e outras, e outras,
Cujo brilho sem barulho veste suas caldas tortas.

Na minha cidade tem canetas, canetas, canetas,
Esvaindo-se em milhares, milhares,
Milhares de palavras retorcidas e confusas, confusas, confusas,
Em delgados guardanapos, feito moscas inconclusas.
Andam pelas ruas escrevendo e vendo, e vendo,
Que eles vêm nos vão dizendo, dizendo,
E sendo eles poetas de verdade enquanto espião e piram, e piram,
Não se cansam de falar do que eles juram que não viram.
Olham para o céu esses poetas, poetas, poetas,
Como se fossem lunetas, lunetas, lunáticas,
Lançadas ao espaço e o mundo inteiro, inteiro, inteiro,
Fossem vendo pra depois voltar pro Rio de Janeiro.